Ribamar Viegas
NÃO AO CONDICIONAMENTO NA EDUCAÃÃO E CULTURA.
Uma pesquisa científica para saber o que as crianças ouviam durante o dia mostrou o seguinte: desde o nascimento até os oito anos de idade a criança escuta em média 100 mil não: não faça isso, não toque naquilo, não mexa, não pode, já falei que não! Não se atreva!...
Outro dado marcante é que, para cada elogio, a criança recebe nove repreensões.
Certamente tanta negativa cria uma limitação na genialidade da criança que a a absorver apenas regras e normas convencionais (o condicionamento).
Só para exemplificar o que ocorre com a criança nessa faixa etária, analisemos o comportamento regressivo da inteligência de dois tipos bem diferentes de animais sob condicionamento, conforme Lair Ribeiro, no seu livro Pés no Chão e Cabeça nas Estrelas:
“Uma pulga colocada dentro de um vidro com tampa, como antes ela era livre, tende a pular e, consequentemente bater o corpo contra a tampa. Depois de vários pulos, ela descobre que não adianta ficar resistindo e começa a pular numa altura menor, suficiente para evitar o choque. Aí você pode tirar a tampa, ela nunca mais vai pular para fora do vidro! Seu pequeno cérebro ficou condicionado, e ela não consegue mais perceber que, se pular um pouco mais alto, consegue escapar”.
“Um elefantinho, recém desmamado, amarrado numa árvore, logicamente vai tentar sair. Sendo a árvore forte, o elefantinho não conseguirá. Depois de várias tentativas, ele desistirá. Mais tarde o domador poderá amarrar esse animal na perna de um banquinho e ele continuará pensando que está preso à árvore e nem arriscará se livrar.”
Em um pasto, no município de Ibiassucê - Bahia, chamou minha atenção o movimento sincronizado de dois bois que caminhavam juntos, um ao lado do outro, o a o. Levantavam e abaixavam as cabeças para pastar ao mesmo tempo. Os dois bois agiam como se um fosse espelho do outro. Tratava-se de uma parelha de bois de carroça que, desde bezerros, foram amarrados um ao lado outro, o que os obrigara a deitar, levantar, caminhar, comer, tudo ao mesmo tempo. Na fase adulta, após esse condicionamento dos movimentos e atitudes, ficavam aptos a puxar carroça, empregando suas forças ao mesmo tempo, como se fossem um motor com dois HP... Certamente, condicionados uniformemente para o resto de suas vidas.
Com a criança não é muito diferente. O não excessivo pode não leva-la a condicionar-se como os animais, mas certamente inibe o desenvolvimento da curiosidade, do saber, do por quê, da genialidade plena, do que ela pode ser capaz... e, atualmente, estimulada a recorrer as perigosas “telinhas eletrônicas”.
Diante do exposto, ocorrem-nos duas reflexões, um comentário e uma dedução:
1ª Reflexão: será que os nãos excessivos que tivemos na infância, semelhantes à tampa do vidro da pulga, à árvore do elefantinho ou até mesmo aos movimentos impostos à parelha dos bois de carroça influenciaram tão recessivamente nossas genialidades, nossas percepções?...
2ª Reflexão: seria essa a grande diferença entre nós, condicionados, e os considerados gênios, como: Einstein, Newton, Galileu, Pitágoras, Platão, Van Gohg... O Próprio Jesus, itindo-se que esses não foram tão condicionados nas suas infâncias e puderam desenvolver com plenitudes suas genialidades, suas percepções, suas criações?
Comentário: será que, se o rústico Januário, no âmago do sertão nordestino, lá pelos idos de 1930, tivesse proibido aquele menino curioso de mexer no seu instrumento musical - uma sanfona de oito baixos - teríamos esse gênio da Música Popular Brasileiro que foi e continuará sendo por muito tempo o seu filho Luís Gonzaga?... Evidente que não!...
Dedução: somente uma nova filosofia na educação, na escola e na família, focada em minimizar o não excessivo e estimular na criança a curiosidade, a criatividade, a percepção, tanto pedagógica como artísticas, seria capaz de esclarecer, num futuro próximo, as nossas observações aqui apresentadas.